giovedì 20 febbraio 2014

Porque é que olhas para o mar se o futuro está na terra?

Não entendo, todos os dias passo por ti e todos os dias vejo-te a observar o mar. Em vez de te comportares como as outras pessoas,  atarefadas e cheias de pressão, és exatamente o oposto. Serás uma estátua do olimpo esquecida no mundo terrestre? Impossível. Não é possível que alguém se tenha esquecido de ti. Esse teu olhar penetrante cor de limão, essa tua boca carnuda, esse teu cabelo angelical são impossíveis de esquecer. Tens um ar distante, como se o teu corpo estivesse despromovido de alma, essa, encontra-se no mar junto dos teus olhos e do teu ser.
Sendo assim, leva-me contigo. Não quero mais estar na terra, quero permanecer infinitamente imóvel como tu, não quero pensar no futuro, quero parar. Mas antes, deixa-me olhar-te mais uma vez para quando me transformar numa estátua como tu, essa ser a última imagem presente na minha memória. Na memória apenas, porque nos meus olhos irá ficar para sempre o reflexo do mar, aquele que guarda todas as lágrimas e todos os sofrimentos de Portugal.

mercoledì 19 febbraio 2014

O mar dos meus olhos

 mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma


Sophia de Mello Breyner Andresen

domenica 2 febbraio 2014

fuma à vontade


Quem és tu que te aproximas à velocidade da luz? Pára.
Não te consigo ver, tens uma nuvem à tua volta, essa nuvem está-te a matar. O fumo invade os teus alvéolos contaminando o teu corpo todo. Cada vez estás mais submerso nessa nuvem que te invade. Não faças isso, não deixes que esse cigarro te mate, não lhe dês esse gosto.
Seguiste o meu conselho, ainda bem, é a primeira vez que me ouves e fazes o que eu te peço. Agora já podemos passear juntos de mãos dadas sem que o teu cheiro me incomode. Há tantas pessoas nas ruas que mal te vejo. A imagem torna-se cada vez mais nítida quando te aproximas de mim a correr, mas de repente deixo de te ver. Passo a ver um corpo inanimado no chão com uma mancha de sangue enorme ao lado. Corro desesperada na tua direção, quando chego à tua beira ofereces-me o teu último olhar e morres. É irónico, no final não foi o cigarro que te matou fui eu. Por favor fuma à vontade.